Empatia e resiliência. Duas palavras que a gente ouve muito falar e que são difíceis de concretizar em competências. Tudo o que sabemos é que são características importantes, que todos os profissionais precisam ter e que ajudam na vida profissional e pessoal. Mas antes de entender a aplicabilidade dessas competências, precisamos entender como elas estão interligadas.
Em resumo, empatia é a capacidade de entender emocionalmente a algo. Isso significa que, para sermos empáticos, precisamos compreender o sentimento por trás de uma arte, música, fala ou situação. Uma vez que somos seres emocionais e boa parte das nossas decisões são tomadas com base também no que sentimos – ou no que queremos sentir.
Com isso em mente, as nossas reações também são fruto das nossas emoções. E é aí que entra a questão da resiliência – ou a capacidade de superar cenários desafiadores. Para superar qualquer situação, precisamos tomar uma decisão. E, como as nossas decisões são baseados em nossas emoções atuais e nas que ambicionamos sentir, nossa resiliência passa a ser moldada de acordo com o nosso repertório empático.
Vamos partir do princípio que ninguém é obrigado a nada. Mas, quando falamos de competências que estão tão intrinsecamente interligadas, quanto mais empático você for, mais resiliente você pode ser. E a recíproca é verdadeira quanto mais resiliente você se torna, também se torna mais empático.
E a lógica é simples e tem a ver com seu repertório: quem passou por mais situações desafiadoras, consegue compreender melhor as emoções vinculadas a uma situação e a regir melhor em situações semelhantes.
A grande questão que todos temos como profissionais é a relação com outras pessoas. Seja com pares, líderes ou subordinados, o conflito de ideias muitas vezes cria o atrito. E o desenvolvimento de uma carreira depende muito da capacidade de lidar com pessoas e situações difíceis.
Para formarmos essas competências no trabalho, precisamos entender o sentimento por trás da fala.
Quais são as razões pelas quais as pessoas tomam decisões, as emoções envolvidas e as reações esperadas. Então, para que essas considerações sejam feitas, é importante que esses fatores sejam vistos e revistos com frequência. E a principal forma para que elas sejam desenvolvidas é o diálogo, a troca de experiências e a cultura, que precisa estar aberta a esses pontos tão importantes.
A pandemia do novo coronavírus trouxe consigo um cenário de caos que só era imaginado em filmes de ficção científica. Muitas empresas tiveram seus negócios diretamente afetados, pessoas perderam não só empregos, mas fontes variadas de renda, como alugueis de temporada e serviços que não podem ser feitos de maneira remota e, o que afeta ainda mais a cena, a vida de um ente querido.
Enquanto isso, as funções que puderam ser colocadas em trabalho remoto começaram a ter demandas e necessidades que fazem parte da infraestrutura de um escritório, como uma estação de trabalho e conexão de internet mais estável. Muitas vezes, com mais de um device conectado ao mesmo tempo, uma vez que casais, crianças e adolescentes também fazem parte deste cenário.
Conseguiu visualizar? Agora põe na tela também as emoções que todos nós sentimos em algum momento dessa crise: “será que eu estou infectado?”; “será que eu vou ser demitido?”; “será que o meu negócio vai sobreviver?”, “e se eu ficar doente?”. E por aí vai. Ao mesmo tempo que estamos compartilhando mais receitas, nos conectando mais com as nossas casas, essas emoções estão muito pungentes em nossas mentes, o que invariavelmente afetam nossa produtividade, nossos sentimentos e nossas reações – por consequência, nosso trabalho.
Portanto, a pandemia foi responsável por forçar a abertura a conversas que transpassem a superfície dos problemas, decisões e emoções de forma muito empática para que todos consigamos atravessar esse momento de crise e sairmos dela em nossas melhores versões possíveis.